O medo que os amados morram está ligado ao nosso medo de morrer.
Sempre que algum querido vai embora sentimos que vai um pouco de nós, que a vida fica mais feia, incompleta, mas essa é uma percepção nossa.
Queremos a segurança de que todos sempre estarão ao nosso alcance, que poderemos tocá-los, vê-los, acessá-los quando entendermos, mas isso não é possível, por isso, acredito que a aceitação da morte de quem amamos começa com a aceitação de quem somos de verdade. Quanto mais conscientes, mais pacificados.
Quem é a consciência por trás do corpo que envelhece?
Quem dá vida a um esqueleto recheado de órgãos e coberto de carne e pele e, depois de um tempo, quando o que chamamos de vida vai embora, simplesmente apodrece? O que se foi, o que tinha lá?
Quando se enxergar no espelho na próxima vez, olhe em seus olhos e questione-se: quem dá brilho à esses olhos e possibilita que dois globos oculares comuniquem, expressem sentimentos e emoções?
Quem é esse ser que não tem cara, mas ouço como consciência, que habita em mim, me fazendo lembrar que não sou o corpo que morre, mas a consciência que se expande? Como penso essas coisas, como é que me sinto bem além do que esse que enxergo?
Com o tempo aprenderá a reconhecer-se.
Saberá que não é o boneco de carne que aparece no espelho, a pessoa que envelhece e depois morre, porque você pode vencer os impulsos da carne, do corpo, instintos de proteção e sobrevivência e perceber a vida a partir de outra dimensão, não mais a do corpo, mas a do espírito que é você.
É claro que não é de uma hora para outra, estou falando de um processo, uma caminhada que pode durar muito tempo, mas o fato é que a partir do momento em que começa a se perceber para além dos condicionamentos mentais, sua consciência aflora sobre tudo, inclusive sobre quem é você.
Quando isso acontece o medo da morte desaparece e, ainda que você chore a ida dos que ama, ainda que doa, não será empecilho para a paz. Você se entristecerá pela interrupção daquele convívio, mas finalmente entenderá que não há morte. Não é definitivo.
Mudamos nossas formas, alteramos dimensões, mas nada morre, nem as pessoas, nem as relações estabelecidas em amor.
Assim como modificamos nossos corpos e nossos relacionamentos em vida, quando deixamos o corpo experimentaremos outros processos de renovação, mas nada deixa de ser.Por isso a necessidade de viver integralmente em amor. Isso nunca se perde.
Portanto, resolva essa questão ai dentro, perceba-se de fato como ser imortal, desloque seu olhar do corpo, da carne, do sangue, da morte e passe a enxergar a beleza da vida, da renovação, da consciência que é. Você só precisa se enxergar de verdade. Garanto que é um belo de exercício de auto conhecimento, de fé e de pacificação. -
Por: Flavio Siqueira
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