sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Sobre o Amor e a posse

"Somente após brahmacharya, quando você alcançou a realização, você possui o mundo sem possui-lo. Mas aos poucos você precisa treinar a si mesmo para a não-possessão.

Não seja possessivo, pois sempre quando você fica possessivo você simplesmente demonstra que você é um mendigo. Sempre quando você tenta possuir, você simplesmente demonstra que você não possui; do contrário não há nenhum esforço. Você é um mestre. Não há nenhuma necessidade de tentar para isso.

Por exemplo, se você ama uma pessoa: se você tentar possuir a pessoa, então você não a ama. Você também não tem certeza do amor dela. É por isso que você cria todas as medidas de segurança, cercando-a de todo truque, pela esperteza, pela argúcia, para que ela não lhe deixe. 
Porém você está matando o amor.

Amor é liberdade, amor dá liberdade, amor vive na liberdade. 
Amor é, no seu núcleo intrínseco, liberdade. Você irá destruir a coisa toda.
Se você realmente ama, não há nenhuma necessidade de possuir; você possui tão profundamente, qual é a necessidade? Você não reivindica; uma reivindicação parecerá superficial. 
Quando você realmente possui, você torna-se não-possessivo. Contudo a pessoa precisa treinar a si mesma, estar atenta. Não tente possuir coisa alguma. No máximo use-a, e seja agradecido que lhe foi
permitido usar, mas não possua.
Possessão é uma mesquinhez; e um ser mesquinho não pode florescer. 
Um ser mesquinho está sempre numa constipação espiritual, enfermo. Você tem que se abrir, compartilhar. Compartilhar seja o que for que você tenha e isso irá crescer; compartilhe mais e isso cresce mais. 

Continue dando, e você é continuamente recarregado. A fonte é eterna; não seja avarento. O que quer que seja – amor, sabedoria...seja o que for, compartilhe.
Compartilhar é o significado da não-possessibilidade.

Mas você pode ser tolo, como muitas pessoas são. Elas pensam, “Deixe a casa, vá para a floresta, pois como você pode viver numa casa se você não possui?”

Você pode viver na casa; não há nenhuma necessidade de possui-la. Você estará vivendo na floresta. Você irá possuir a floresta? Dirá você, “Agora sou o senhor desta floresta?” Se você puder viver na floresta sem possui-la, qual é o problema?
Porque você não pode viver na casa e na loja sem possui-la? Pessoas tolas dizem, “Deixe sua esposa, seus filhos. Fuja, pois não-possessibilidade é para ser praticada”. Eles são estúpidos.

Para onde você irá? Onde você for, sua possessibilidade estará com você. Não fará qualquer diferença. Onde você estiver, apenas compreenda e abandone possessibilidade. Nada está errado com sua esposa – não diga minha esposa. Basta largaro “minha”. Nada de errado com seus filhos – são lindas crianças, crianças do divino. A você foi dado uma oportunidade para servir e amar a eles: use-a, mas não diga “meu”. Eles vieram através de você, mas eles não lhe pertencem. Eles pertencem ao futuro; eles pertencem ao todo. 

Você foi uma passagem, um veículo, porém você não é o dono.Então qual é a necessidade de fugir para
algum lugar? Esteja onde quer que aconteça você estar. Esteja onde a existência lhe colocou e viva numa não-possessibilidade, e de repente você começará a florescer.


Energias estarão fluindo, você não será um fenômeno bloqueado, você se tornará um fluxo. E fluxo é belo. Viver bloqueado e congelado é ser feio e morto.
Estas cinco auto-disciplinas internas são o requerimento básico “... independente de classe, lugar, tempo, ou circunstâncias”. Se você nasceu hoje ou você nasceu cinco mil anos passados não faz nenhuma diferença.
Existem pregadores na Índia que dizem, “Nesse kali yuga você não pode tornar-se iluminado”. Patanjali diz, “...independente de classe, lugar, tempo, ou circunstâncias”.

Você pode tornar-se iluminado onde quer que você esteja. Tempo não importa. É consciência que importa. Lugar não importa. 

Esteja você nos Himalaia ou no mercado isso não importa. Circunstâncias não importam – seja você um grahasta, uma dona de casa, ou uma pessoa que renunciou a tudo, não. 
Classe não importa – seja você rico ou pobre, educado ou analfabeto, brâmane ou um sudra, Hindu ou um Maometano, Cristão ou um Judeu. 

Nada importa, pois bem no fundo vocês são um.
Na circunferência pode haver diferenças, mas é só na circunferência; o centro permanece intocado.
Alcance a pureza do centro. Essa é a meta."


Osho


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